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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

PERDEMOS O BONDE DA HISTÓRIA


Por volta de junho de 2009, começava a se delinear candidaturas para o Governo do Estado do Amazonas. Tínhamos à época como possíveis candidatos o então Ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento e o Prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, a partir do quadro que se desenhava, passei a defender que o nosso partido, o PDT, tivesse candidato ao Governo do Estado. O que me levou a chegar a essa conclusão foi que o PCdoB e PT - partidos que ao longo de muitos anos foram nossos aliados no bloco oposicionista -, estavam na situação, a nível federal, com LULA. Na esfera estadual o PCdoB foi cooptado pelo então Governador do Estado, Eduardo Braga, e passou a comandar uma Secretaria de Estado com seus filiados alocados em várias funções de confiança. Enquanto isso, o PT foi aquinhoado no mesmo governo com três Secretarias.

Durante quase três décadas era sempre esperada, em época de eleição, as coligações de esquerda em nosso estado. Sabia-se de cor e salteado os nomes dos partidos que comporiam o bloco de oposição: PT, PDT, PSB e PCdoB. Em inúmeras eleições travamos várias batalhas contra a oligarquia se instalara no estado pelas mãos de Gilberto Mestrinho, a partir de 1982.

Nessas eleições o PDT estava sem opções de coligação. De período passado restava o PSB, com quem tivemos uma experiência complicada na Prefeitura quando o nosso partido, em uma eleição quase que plebiscitária, conseguiu eleger Serafim (PSB) para Prefeito e Mário Frota (PDT), para Vice-Prefeito. Quebramos um ciclo de oligarquia que já perdurava quase vinte anos, desde a histórica eleição de Artur Virgilio Neto, em 1978, quando foi eleito Prefeito de Manaus.

Infelizmente o Serafim, que antes de ser prefeito era ‘todo ouvidos’, depois que assumiu a prefeitura, mudou da água para o vinho não ouvia mais ninguém. O resultado era previsível: perdeu a reeleição para Amazonino e passou negativamente para a história como o único Prefeito de Capital, candidato e reeleição, a ser derrotado nas últimas eleições.

Com isso enterrou todos os nossos sonhos de execramos da vida pública o Amazonino e seus asseclas. Nos meios políticos de Manaus, Serafim passou a ser alvo de gozações. Algumas pessoas passaram a dizer que ele ressuscitou politicamente Amazonino, que estava de pijamas em casa, preste a se aposentar. Por estas razões não via no momento como nosso partido pudesse compor com o PSB.

A partir de então, passei a incitar os membros do PDT a discutir o assunto de termos candidato a cargo majoritário, mas parece que pregava no deserto. Então decidi falar individualmente com todos os membros da comissão provisória do partido que sempre me alertavam dizendo que ‘a coisa estava sendo costurada em Brasília’.

Em setembro de 2009, fiquei ainda mais convicto de que eu tinha razão em defender o lançamento de candidato ao Governo do Estado quando li uma pesquisa na qual dava ao Deputado Luis Castro, cerca de 2% das intenções de votos para governador. Ora, se ele que não tem história na política amazonense que o credencie a lançar-se candidato a cargo majoritário tem esse percentual, então passei a ter, cada vez mais, convicção de que precisaríamos lançar candidato próprio e o principal indicado seria o vereador Mário Frota que, pela sua história, teria grandes chances de ser a grande opção do arco de alianças das oposições.

Em minha modesta avaliação aglutinaríamos pequenos partidos e teríamos chances de chegar a um percentual de 12% a 15% dos votos válidos o que significava algo em torno de 200 a 240 mil votos. O que me levava a acreditar que chegaríamos a esse percentual era a alta rejeição dos candidatos majoritários que era expressiva e levaríamos a eleição para um segundo turno.

Daí a minha crença de que o nosso partido faria, no mínimo, um deputado estadual, uma vez que, para atingirmos esse objetivo, a coligação deveria atingir coeficiente de algo em torno de 65 mil votos. Algo factível e sairíamos robustecido deste pleito como o único partido remanescente de um período histórico a fazer oposição no Amazonas, e se configuraria em um grande berço da resistência em nosso estado.

Continuei minha pregação de candidatura própria, mas ocorre que ninguém se mostrava interessado. No início de fevereiro de 2010, veio o primeiro aviso de Brasília: o PDT, vai apoiar o Alfredo. Mesmo assim continuava com a firme idéia e enfatizava que em um primeiro turno devêssemos ter candidato ao Governo, e em um eventual segundo turno seria dado apoio ao Alfredo. Apelava ao bom senso para que fosse dada a chance de caminharmos com os próprios pés, porém nada adiantou minha insistência já que alguns companheiros me aconselhavam, às vezes em tom de ameaça: ‘se continuares com essas idéias e elas forem compradas pelos demais membros da comissão provisória, corremos o risco de a executiva nacional intervir no PDT de Manaus’.

Hoje, quando o calendário marca 23 de setembro de 2010, tenho em mãos uma pesquisa que mostra o Omar Aziz, candidato ao Governo, apoiado por Eduardo Braga, com 49% das intenções de votos enquanto Alfredo Nascimento tem 34%. Pelo andar da carruagem não haverá 2 turno, e teremos um fato que entrará para a história política neste pleito: haverá um número expressivo de votos brancos e nulos como nunca visto em pleitos anteriores. Será a forma que a população encontrará para demonstrar o seu descontentamento com os rumos da política amazonense.

Enfim, ficamos sem ter um candidato ao Governo do Estado e a Deputado Federal, o único que temos foi imposto pela executiva do partido, Paulo Di Carli, mas o mesmo está prestes a desistir da candidatura alegando motivo de saúde. Dizem, na verdade, que sua desistência deve-se ao fato de que Amazonino tenha passado a apoiar seu vice-prefeito Carlos Souza, que se lançou a Deputado Federal; Paulo dava como certo o apoio de Amazonino.

Por fim, participamos de uma coligação um tanto esdrúxula a nível ideológico que mais parece um cruzamento de jacaré com cobra, e ficamos assim: PR, PT, PDT, PSL, PSDC e PSB, assim corremos o risco de não fazermos um deputado estadual.

Então, mais uma vez nosso partido participará de uma eleição como mero coadjuvante e com possibilidade de se tornar ainda menor, pois hoje temos um senador e um vereador ao final desta eleição pode ficar somente com um vereador. Daí eu ser frontalmente contra a verticalização. Ela obriga-nos a fazer composições com partidos que não coadunam com nossa proposta programática, e em alguns casos não respeitam as peculiaridades regionais. A próxima briga que teremos que incitar é por fim a essa fatídica verticalização, que obriga os partidos a fazerem composições nunca dantes imagináveis.

Por: Paulo Onofre

Administrador em Gestão de Segurança Pública

PERDEMOS O BONDE DA HISTÓRIA

Por volta de junho de 2009, começava a se delinear candidaturas para o Governo do Estado do Amazonas. Tínhamos à época como possíveis candidatos o então Ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento e o Prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, a partir do quadro que se desenhava, passei a defender que o nosso partido, o PDT, tivesse candidato ao Governo do Estado. O que me levou a chegar a essa conclusão foi que o PCdoB e PT - partidos que ao longo de muitos anos foram nossos aliados no bloco oposicionista -, estavam na situação, a nível federal, com LULA. Na esfera estadual o PCdoB foi cooptado pelo então Governador do Estado, Eduardo Braga, e passou a comandar uma Secretaria de Estado com seus filiados alocados em várias funções de confiança. Enquanto isso, o PT foi aquinhoado no mesmo governo com três Secretarias.
Durante quase três décadas era sempre esperada, em época de eleição, as coligações de esquerda em nosso estado. Sabia-se de cor e salteado os nomes dos partidos que comporiam o bloco de oposição: PT, PDT, PSB e PCdoB. Em inúmeras eleições travamos várias batalhas contra a oligarquia se instalara no estado pelas mãos de Gilberto Mestrinho, a partir de 1982.
Nessas eleições o PDT estava sem opções de coligação. De período passado restava o PSB, com quem tivemos uma experiência complicada na Prefeitura quando o nosso partido, em uma eleição quase que plebiscitária, conseguiu eleger Serafim (PSB) para Prefeito e Mário Frota (PDT), para Vice-Prefeito. Quebramos um ciclo de oligarquia que já perdurava quase vinte anos, desde a histórica eleição de Artur Virgilio Neto, em 1978, quando foi eleito Prefeito de Manaus.
Infelizmente o Serafim, que antes de ser prefeito era ‘todo ouvidos’, depois que assumiu a prefeitura, mudou da água para o vinho não ouvia mais ninguém. O resultado era previsível: perdeu a reeleição para Amazonino e passou negativamente para a história como o único Prefeito de Capital, candidato e reeleição, a ser derrotado nas últimas eleições.
Com isso enterrou todos os nossos sonhos de execramos da vida pública o Amazonino e seus asseclas. Nos meios políticos de Manaus, Serafim passou a ser alvo de gozações. Algumas pessoas passaram a dizer que ele ressuscitou politicamente Amazonino, que estava de pijamas em casa, preste a se aposentar. Por estas razões não via no momento como nosso partido pudesse compor com o PSB.
A partir de então, passei a incitar os membros do PDT a discutir o assunto de termos candidato a cargo majoritário, mas parece que pregava no deserto. Então decidi falar individualmente com todos os membros da comissão provisória do partido que sempre me alertavam dizendo que ‘a coisa estava sendo costurada em Brasília’.
Em setembro de 2009, fiquei ainda mais convicto de que eu tinha razão em defender o lançamento de candidato ao Governo do Estado quando li uma pesquisa na qual dava ao Deputado Luis Castro, cerca de 2% das intenções de votos para governador. Ora, se ele que não tem história na política amazonense que o credencie a lançar-se candidato a cargo majoritário tem esse percentual, então passei a ter, cada vez mais, convicção de que precisaríamos lançar candidato próprio e o principal indicado seria o vereador Mário Frota que, pela sua história, teria grandes chances de ser a grande opção do arco de alianças das oposições.
Em minha modesta avaliação aglutinaríamos pequenos partidos e teríamos chances de chegar a um percentual de 12% a 15% dos votos válidos o que significava algo em torno de 200 a 240 mil votos. O que me levava a acreditar que chegaríamos a esse percentual era a alta rejeição dos candidatos majoritários que era expressiva e levaríamos a eleição para um segundo turno.
Daí a minha crença de que o nosso partido faria, no mínimo, um deputado estadual, uma vez que, para atingirmos esse objetivo, a coligação deveria atingir coeficiente de algo em torno de 65 mil votos. Algo factível e sairíamos robustecido deste pleito como o único partido remanescente de um período histórico a fazer oposição no Amazonas, e se configuraria em um grande berço da resistência em nosso estado.
Continuei minha pregação de candidatura própria, mas ocorre que ninguém se mostrava interessado. No início de fevereiro de 2010, veio o primeiro aviso de Brasília: o PDT, vai apoiar o Alfredo. Mesmo assim continuava com a firme idéia e enfatizava que em um primeiro turno devêssemos ter candidato ao Governo, e em um eventual segundo turno seria dado apoio ao Alfredo. Apelava ao bom senso para que fosse dada a chance de caminharmos com os próprios pés, porém nada adiantou minha insistência já que alguns companheiros me aconselhavam, às vezes em tom de ameaça: ‘se continuares com essas idéias e elas forem compradas pelos demais membros da comissão provisória, corremos o risco de a executiva nacional intervir no PDT de Manaus’.
Hoje, quando o calendário marca 23 de setembro de 2010, tenho em mãos uma pesquisa que mostra o Omar Aziz, candidato ao Governo, apoiado por Eduardo Braga, com 49% das intenções de votos enquanto Alfredo Nascimento tem 34%. Pelo andar da carruagem não haverá 2 turno, e teremos um fato que entrará para a história política neste pleito: haverá um número expressivo de votos brancos e nulos como nunca visto em pleitos anteriores. Será a forma que a população encontrará para demonstrar o seu descontentamento com os rumos da política amazonense.
Enfim, ficamos sem ter um candidato ao Governo do Estado e a Deputado Federal, o único que temos foi imposto pela executiva do partido, Paulo Di Carli, mas o mesmo está prestes a desistir da candidatura alegando motivo de saúde. Dizem, na verdade, que sua desistência deve-se ao fato de que Amazonino tenha passado a apoiar seu vice-prefeito Carlos Souza, que se lançou a Deputado Federal; Paulo dava como certo o apoio de Amazonino.
Por fim, participamos de uma coligação um tanto esdrúxula a nível ideológico que mais parece um cruzamento de jacaré com cobra, e ficamos assim: PR, PT, PDT, PSL, PSDC e PSB, assim corremos o risco de não fazermos um deputado estadual.
Então, mais uma vez nosso partido participará de uma eleição como mero coadjuvante e com possibilidade de se tornar ainda menor, pois hoje temos um senador e um vereador ao final desta eleição pode ficar somente com um vereador.
Daí eu ser frontalmente contra a verticalização. Ela obriga-nos a fazer composições com partidos que não coadunam com nossa proposta programática, e em alguns casos não respeitam as peculiaridades regionais. A próxima briga que teremos que incitar é por fim a essa fatídica verticalização, que obriga os partidos a fazerem composições nunca dantes imagináveis.
Por: Paulo Onofre
Administrador em Gestão de Segurança Pública