Total de Visitas

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Iranduba – Antes e depois da ponte



Mesmo com o advento da ponte sobre o rio Negro, já em estado adiantado de obras, Iranduba não perdeu o seu bucolismo caboclo, de cidade pacífica do interior.

Hoje a população da cidade, especialmente nos ramais, ainda dorme de janelas abertas, prática remota que Manaus perdeu há décadas, quando apesar do ícone de ser chamada Paris das Selvas, pois era uma cidade moderna e civilizada, habitada por uma gente acostumada a valorizar os bons costumes e as regras éticas de convivência social e civilizadora.

Em Iranduba, respira-se um ambiente social e acolhedor, coisa que acontece nas pequenas cidades do interior brasileiro, denotando-se um pensamento intrínseco em torno da questão: o brasileiro é bom, boa gente respeitadora aos princípios da norma de viver em paz e concórdia.

O período progresso com a inauguração da ponte Manaus/Iranduba com certeza acabará com a tranqüilidade que outrora existiu naquele município, e que ainda é uma constante em várias pequenas cidades de nosso estado, onde o caboclo se dá ao luxo de dormir com as janelas abertas olhando para as estrelas.

A nossa pequena cidade vizinha do outro lado do rio, irreversivelmente perderá a sua paz interiorana e será maculada pela invasão dos males sociais da nossa capital, com a evidência da ponte. Tudo o que Manaus tem de bom irá para Iranduba via direta, pois a obra facilitará tal escoamento e demanda, assim como todos os males: da prostituição ao tráfico de drogas, do roubo à violência.

O povo pacífico e acolhedor do município já se depara com impacto do crescimento populacional, pois nos últimos anos invasões têm sido perpetradas e delas nasceram os bairros como: Mutirão, Nova Veneza e Cacau Pirêra e, com advento da ponte, outras invasões inevitavelmente ocorrerão. E quem perderá sua calma e hospitalidade urbana, será a cidade dos sítios arqueológicos. Aliás, a violência já começou, pois há poucos anos, mataram um cientista estrangeiro - um arqueólogo que fazia suas pesquisas nos sítios de Santa Helena e Lago do Limão.

Seria bom que as autoridades da área de Segurança Pública do nosso Estado, elaborassem com antecedência um projeto para equacionar os problemas de Segurança que terá aquele município. Viabilizar um estudo sobre o assunto, pelo menos tentando minimizar o estupro que a cidade de Iranduba sofrerá com o advento da inauguração da ponte sobre o rio Negro.

Uma coisa é certa, depois da inauguração, haverá um ‘boom’ enlouquecedor, pois aqueles moradores que hoje residem na zona norte e leste e que perdem diariamente em torno de duas horas dentro de ônibus para chegar ao centro, passará a ser mais viável morar no Iranduba, pois o percurso daquele município para o Centro Comercial de Manaus, não será mais de 45 minutos, como diz seu Lucio Queiroz, o mais velho morador do Cacau Pirêra: “Meu amigo a coisa vai ficar feia, pior que bulir sem camisa em casa de tapiú, aquela caba intrépida que bota o caboclo n’água, e que não adianta mergulhar, pois a mesma com o ferrão em riste mergulha atrás, picando insandescidamente a cabeça do infeliz incauto”.

A ponte é boa, indiscutivelmente, trará progresso não somente para o Município do Iranduba como também para Manacapuru e Novo Airão. Acredito que o ex-governador Eduardo Braga, não tenha atentado para o detalhe de que a rodovia Manuel Urbano, deveria ter sido duplicada, acompanhando o cronograma da obra da ponte. Assim, seriam inauguradas na mesma data. Sem medo de errar garanto que a partir do primeiro mês da inauguração da ponte os índices de acidentes aumentarão de forma assustadora, pois aquela estrada não tem condições de receber o fluxo de veículos que passará a trafegar por ela.

Por: Paulo Onofre Lopes de Castro

Jornalista (MTb 467)

Militante Político e Social