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quarta-feira, 8 de junho de 2011

HONORÁVEIS BANDIDOS


Um retrato do Brasil na era Sarney
UM LIVRO NECESSÁRIO
No centro de São LuÍs, dois do povo conversavam: “Qual a pior coisa do Maranhão?” “A família Sarney.” “Qual a melhor coisa do Maranhão?” “Ser da família Sarney”.
O diálogo faz parte do anedotário maranhense e ganhou sabor nacional quando José Sarney ocupou pela terceira vez a presidência do Senado, em 2 de fevereiro de 2009. Todas as conexões da famiglia, assim mesmo, no sentido mafioso, vieram a público. Um escândalo atrás de outro se revelava.
Com 50 anos de vida pública, o político mais antigo em atividade no país começava a descida ao inferno. É a partir dali que este livro puxa o fio da meada. E compõe, com as ferramentas do melhor jornalismo, mas sem perder o bom humor, um retrato do Brasil na era Sarney. O Sarney velho de guerra, especialista em urna viciada, cria de coronel, cevado na ditadura, o Sarney da UDN, da Arena, do PDS, do PFL, da desastrada “Nova República’, do estelionato do Plano Cruzado, da cumplicidade do seqüestro da poupança promovida por Collor em 1990, do loteamento do setor elétrico. O coronel eletrônico fechado com qualquer governo, enquadrado em formação de famiglia.
Não se forma uma grande famiglia sem grandes aliados do mesmo naipe. Ele se cercou de gente da pior estirpe, como Edison Lobão, um dos Três Porquinho - quem se lembra desse episódio grotesco da história recente do Brasil?
Honoráveis figuras como Ademar Cid Ferreira, do liquidado Banco Santos; Renan Calheiros, Gim Argello, Agaciel Maia, Michel Temer, Welliton Salgado, Silas Rondeau, uma turma enrolada em tudo quanto é tipo de rolo. Toda a parentalha de sangue e suas histórias inacreditáveis, filho, irmão, neto procurados e investigados pela Polícia Federal.
Este é um livro necessário. O historiador do futuro contemplará, como num painel, a época em que poucas vezes neste país se constituiu, à margem do poder legal, o verdadeiro e podre poder baseado na corrupção, em todos os seus sentidos. E o brasileiro de bem dos dias que correm entenderá porque às vezes lhe vem a tentação de desistir, por nojo, da política e dos políticos.
Contudo, leitura salutar. Conhecer as causas da náusea ajuda a encontrar o remédio.  


ALGUNS DEPOIMENTOS IMPORTANTES

Antes do Sarney, um clã notório por formação de família, digo, formação de quadrilha, foi o dos irmãos Frank e Jesse James, no velho oeste americano’.
Ruy Castro, na “Folha de São Paulo”

“O presidente Lula tem razão. Sarney não é igual à maioria dos brasileiros. Ainda bem. Quem é Sarney? Ele é o símbolo maior do atraso.”
*Marco Antonio Villa, historiador

“Sarney é múltiplo. No Senado, um lorde. Na Academia, um príncipe. No Diário Oficial, um roedor. No Maranhão, um coronel. No Amapá, um sátrapa.”
*Sebastião Nery, jornalista

“Sarney é político sem luz, orador bisonho, poeta menor e escritor medíocre.
*Augusto Nunes, na revista “Veja”

“Sarney, devolve o Maranhão para o Brasil!
*José Simão, na “Folha de S. Paulo”

“O pai não era fazendeiro abastado, empresário, não era nada. Era pobre, nunca tiveram nada. Nunca nem acertaram no jogo do bicho. Sarney não tem como explicar a fortuna que tem. Ele mesmo contou, quando presidente da República, na inauguração do Fórum Sarney Costa, que o pai teve que vender sua máquina de escrever para mantê-lo por uns tempos (...) e hoje é dono de emissoras de TV, de rádios, de jornal, imóveis, de um patrimônio milionário absolutamente injustificável”.
*Anderson Lagos, ex-deputado estadual do PSDB maranhense.

O texto acima está escrito na ‘orelha’ do livro Honoráveis Bandidos, do jornalista Palmério Dória. Os comentários estão na última página do mesmo livro.
Por: Paulo Onofre
Jornalista (MTb 467)
Analista Político e Social