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sábado, 15 de outubro de 2011

UMA SOCIEDADE ALIENADA

Ribeiro Júnior, o revolucionário amazonense que a história esqueceu.

Enquanto no último dia 12 de outubro os trabalhadores, estudantes e donas de casa iam às ruas de todo o país protestar contra a corrupção, amazonenses ficavam em casa ou estavam nas praias e sítios curtindo  o feriado, como se nada estivesse acontecendo no mundo, numa clara demonstração de que aqui vivemos numa utópica Dubai cabocla, onde o povo é feliz e o aumento da tarifa de ônibus não afetasse a ninguém.
Isso nos faz esquecer que em 1924 o tenente Ribeiro Júnior em atitude revolucionária invadiu o palácio do governo e derrubou o governador corrupto que na época era um desembargador que passeava na Europa gastando o dinheiro do contribuinte, enquanto sorvia despreocupado o melhor champanhe francês, à custa dos bolsos do povo amazonense. E o povo manauara ao lado do revolucionário herói, saia às ruas para apoiar o gesto libertário desse homem que a população chamava de “Libertador do Amazonas”.
Acontece que já se passaram 87 anos desse incidente histórico, que estudiosos refutam como o maior acontecimento político do Estado do Amazonas, mas que infelizmente não é ensinado nas escolas públicas e privadas, como se o Amazonas não tivesse memória e nenhum respeito pela grandeza de sua história, numa evidencia diacrônica sem par que enche de orgulho os verdadeiros e legítimos amazonenses.
Manaus é a terra do já foi e o Amazonas deixa de valorizar o que é seu para valorizar aquilo que é dos outros, como se o que é nosso fosse porcaria, e a idiotice estrangeira fosse o laurel do papagaio, que vive a imitar só o que é ruim, numa clara demonstração de que nós caboclos, estamos adentrando o território da não identidade, isto é, estamos perdendo nossos valores naturais.
Glorificamos uma cultura folclórica bovina, numa terra estritamente aquática, quando deveríamos caminhar pelo assunto florestal e fluvial, como era no princípio do festival lá no campo do 27º BC, quando tínhamos a Dança dos Cacetinhos, as Tribos, o Tipiti, dentre outros.
Somos alienados, é verdade. E o que é pior, é que nem somos metropolitanos, pois não possuímos cultura civilizatória de primeiro mundo, nem somos mais caboclos, porque deploramos comer jaraqui frito com farinha e molho de tucupi. Coisa que o Capinam e o Jorge Amado adoraram quando provaram  das nossas deliciosas iguarias. E ficamos no meio, exatamente alienados, híbridos de robô e Coca Cola, aliás, já tivemos aqui em Manaus um político que adorava ser chamado de ‘Caboclo Coca Cola’. E ele foi deputado federal.
Por: Paulo Onofre
Jornalista (MTb 467)
Analista Político e Social