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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Nota dez para a Ponte e ZERO para a falta de visão




  As casas do Cacau Pirera ficaram parecendo com aqueles casebres que aparecem em cenas de filmes de bang bang do faroeste americano ou italiano. A tendência é virar uma cidade fantasma.
As obras da administração pública em Manaus até parece a casa do Noca. E, por falar nisso, lá em Belém é a melhor casa de samba noturna; uma beleza a Casa do Noca. Moças lindas, garçons esmerados, cerveja geladíssima e um ambiente paraense de dar inveja. Lá o caboclo marajoara ama a sua terra. E a cerveja é “Celpa”, digo, Cerpa para os ilustrados.
Nós daqui, caboclos metropolitanos metidos a gringo, não amamos nada, parece até que nem somos amazonenses. Se você falar em Jaraqui com baião de dois e farinha do Uarini com  o pessoal frequentador habitual de Shoppings, o cara já lhe olha de esgueira, cochichando no ouvido do outro burguês fidalgo. Isso é ‘caboquice’.
Após o frisson da inauguração da Ponte Rio Negro que o Eduardo criou e o Omar terminou, lá fui eu visitá-la: palmas para os dois. Nota 10. Agora quanto à visão de futuro, o prolongamento sistemático da obra é ZERO. Vamos pontuar algumas medidas que deixaram de ser tomadas pelo governo do estado:
O governo não previu (ou será que previu?) que as comunidades Cacau e Nova Veneza - no distrito de Cacau Pirêra – seriam impactadas de forma quase mortal com a inauguração da ponte e se tornaram a parte fantasma do progresso que chegou para o outro lado do Negro. As casas dessas comunidades ficaram parecendo com aqueles casebres que aparecem em cenas de filmes de bang bang do faroeste americano ou italiano. Django de pernas abertas no cenário, touceira de capim voando e os bandidos correndo pelos telhados. É assim que ficou as duas localidades.
Centenas de pequenos e médios comerciantes, entre eles os feirantes que durante anos labutaram na feira do Cacau Pirêra, de onde tiravam o ganha pão desse comércio informal, ficaram à míngua, sem eira nem beira, acumulam prejuízos e alguns já pensam em mudar de atividade comercial. Alguns desses feirantes diziam que o governo deveria ter construído uma nova feira nas proximidades do Mutirão, antes da inauguração da ponte, pois naquele local deverá ser o novo centro comercial da cidade de Iranduba. 
Quanto à ampliação da rodovia Manuel Urbano, que deveria ter sido feita concomitantemente com a construção da ponte, somente agora que a Assembléia Legislativa, autorizou o governo do estado a contrair empréstimos para garantir recursos para a duplicação da estrada. Enquanto os trabalhos não têm início, para nós, pobres mortais que necessitamos usar aquela rodovia, resta-nos orar para que o número de acidentes não se acentue.   
E as instalações do porto da balsa de São Raimundo? Dizem que o governo passou sua administração para a iniciativa privada. Os jornais de Manaus denunciam que vândalos estão depredando as instalações da área. Não podemos esquecer que aquela obra, recém inaugurada, custou aos cofres públicos a bagatela de R$ 20 milhões.
O Porto de São Raimundo está se deteriorando enquanto não se decide de que forma deverá ser utilizado. Lá fica ancorada quase uma centena de ‘voadeiras’ que serviam ao povo na travessia Manaus/Cacau Pirêra e que agora estão sem atividade alguma. É comum chegarmos ao local e deparamos com condutores dessas pequenas embarcações jogando dominó na tentativa de matar o tempo devido a ociosidade por que passam.
Tudo isso nos faz ver uma coisa: se a situação não for resolvida com planejamento e visão, quem vai pagar o pato é o nosso governador Omar, por isso recomendamos-lhe urgentemente um Programa de Reengenharia Social sobre o tema, aliás sendo um moço de trabalho e diligência, o nosso governador vai equacionar os problemas, com soluções eficazes. Já! 
Por: Paulo Onofre
Jornalista (MTb 467)
Jornal Tribuna de Iranduba
Foto: hqsubversiva.wordpress.com