Total de Visitas

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

POR QUE VANESSA NÃO EMPINA?





Ademir Ramos (*)

A pergunta bate nas redações provocando varias explicações. O fato é que a candidato do PCdoB conta com o maior tempo de TV, o maior orçamento de campanha, diz que tem apoio do Lula, da presidente Dilma Rousseff, do ex-governador Eduardo Braga e do governador Omar Aziz. Contudo, não consegue traduzir em voto, batendo sola no segundo lugar nas pesquisas para a Prefeitura de Manaus, aumentando ainda mais sua rejeição, conforme falam os números.

O fenômeno merece atenção dos especialistas porque objetivamente a candidata possui os meios materiais necessários para implementar sua campanha e, em tese, dar “ovada” nos seus oponentes. No entanto, embioca deixando os seus apoiadores, amigos e parceiros, como ela registra, constrangidos com os resultados das pesquisas. E então começam interferir no rumo da campanha querendo mais sangue, outros, falam do perfil ideológico da candidata por ser comunista e querer o voto dos fundamentalistas evangélicos; falam também da própria mídia da candidata por ser bastante poluída, ofuscando a mensagem da campanha; da mesma forma criticam a linguagem e duvidam da compreensão de sua mensagem junto às massas.

Não satisfeito, o ex-governador Eduardo Braga resolveu assumir a campanha chamando para si os holofotes. Não satisfeito, o PCdoB visando impactar as ruas e os bairros quer contratar mais gente para trabalhar fazendo os arrastões nas ruas e nos bairros crendo que desta forma sua candidata empina marcando pontos nas pesquisas e quiçá nas urnas. Desesperados, comenta-se também que o governador Omar Aziz sente-se pressionado a dar o próprio sangue na campanha, inclusive, pressionando a primeira dama a participar das eleições em nome da permanência do time a frente do poder do Estado, manifestando total apoio a comunista Vanessa.

A campanha de Vanessa Grazziotin virou um cabo de guerra entre os partidos coligados e seus apoiadores. A trama faz lembrar aquela máxima do futebol, onde os cartolas da política no Amazonas combinaram tudo entre si, mas esqueceram do principal ator que é o povo. Esta ausência, ora reclamada, repercute nas pesquisas deixando os marqueteiros em queda. Para superar estes entraves, Eduardo Braga assumiu a direção da campanha dando as ordens e batendo o martelo, inclusive, pedindo voto por telefone aos seus correligionários.

A racionalidade da candidata do PCdoB faz-se presente na materialidade de sua campanha, que é densa e massiva, mas não se traduz em voto, segundo as pesquisas. A fortuna, que não é grana, não sopra a seu favor e por isso não consegue empinar, fazendo com que os comunistas, nesse momento, recorram às “forças ocultas”, para explicar a rejeição sofrida por Vanessa Grazziotin e assim desatar este nó que enforca o time de Eduardo Braga em direção a Prefeitura de Manaus, do contrário a derrota está consumada.    

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

ARTUR “SÓ LOVE”

ARTUR “SÓ LOVE”

Ademir Ramos (*)

Surfando na onda das eleições como líder nas pesquisas, Artur Neto transforma-se em vidraça e passa a levar “ovada” do PCdoB, que desesperadamente tenta empinar a candidata comunista correndo contra o vento, afrontando, dessa feita, a vontade da maioria que se manifesta favorável as eleições de Artur para a Prefeitura de Manaus. O recorte conjuntural tem dado conta de que as práticas rasteiras não resultam em voto quando se tem pela frente um eleitorado convencido de sua opção como garantia da cidadania.

Ódio e vingança são valores que não coadunam com a política civilizatória. Esta prática é reflexo de um tempo mórbido marcado pelo coronelismo de patente comprada aliançado com os políticos provincianos, que tratavam o povo no cabresto como refém de seus açoites tal como os animais em seus currais.

No entanto, está comprovado que a história não se repete porque não se banha duas vezes no mesmo rio. Entretanto, quando uma determinada liderança perde o eixo, não tendo perspectiva do amanhã, recorre ao passado, às mesmas práticas para tentar fazer valer a sua vontade e ludibriar o povo mais uma vez.

O ensinamento que se pode tirar de tudo isso, é que os candidatos compram os pacotes dos marqueteiros, que por sua vez, se comportam fora da história ignorando a cultura do povo local. Com esse gesto buscam dominar simbolicamente o povo fazendo de tudo para mantê-lo sob o chicote e o grito do governante tresloucado.

Na verdade, a propaganda não deve se divorciar do perfil e da história do candidato. Para isso é necessário que a prática política represente a sua vontade e que se afirme como verdadeira no imaginário político do eleitor. Ao contrário, tudo não passa de verniz, de sombra, faz de conta, não merecendo do povo credibilidade e respeito.

A opção do eleitor de Manaus será conferida nas urnas, embora as pesquisas favoreçam ao candidato Artur, nada, absolutamente nada, substitui a vontade solene do povo a ser proclamada no resultado final. Das eleições devemos abstrair ensinamentos que sirvam de diretrizes para conduta do cidadão candidato e para o próprio eleitor.

O fato é que o tempo é implacável e quem não souber ler e decodificá-lo, com absoluta certeza, não alcançará o porto seguro e muito menos fará a travessia, ficando entre os afogados abraçados entre si, acometidos pelos males da arrogância, autoritarismo, prepotência e, em última instancia a febre do populismo configurada na prática do messianismo a prometer mundos e fundos aos excluídos.

Política também é paixão que se tradução em confiança, relação e credibilidade. É o corpo a corpo, onde o eleitor e o candidato inseridos numa representação conceitual promovem o amor, a justiça, a fraternidade e, sobretudo, a felicidade pública criando condições para que todos (as) sintam-se parte do processo de governança.

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O pior da pesquisa é a manipulação da vontade dos eleitores





Ademir Ramos (*)

Atualmente, a pesquisa é uma plataforma necessária para mensurar  a vontade e a opção do eleitor. Nenhum candidato de bom senso descarta esse recurso técnico, essa ferramenta de trabalho, que capta a vontade do eleitor servindo também para orientar e conduzir o candidato no firme propósito da apreensão do voto. Essa determinação do candidato faz com que tecnicamente recorra a mais de um instituto de pesquisa para orientar internamente o rumo de sua campanha; quando não, as pesquisas quantitativas são casadas com as qualitativas, permitindo que o candidato conheça as necessidades dos eleitores de um determinado segmento, zona ou classe.

O domínio dessas informações e demandas pelo candidato dá credibilidade as suas propostas, convencendo o eleitor de que ele é o melhor. Além de auxiliar o candidato diretamente, as pesquisas servem também para justificar a captação de recursos financeiros juntos aos seus apoiadores, que por sua vez, avaliam o desempenho do candidato e a partir dos índices das pesquisas resolvem investir ou não nesse ou naquele, apostando também no sucesso.

Pesquisa não ganha eleição, mas, pode muito bem servir como instrumento de mobilização para captação do voto do eleitor indeciso, que se encontra na dúvida, esperando o grito da galera. O eleitor massa sente-se satisfeito em apostar no sucesso e na vitória, votando naquele que lidera as pesquisas. Esta realidade é muito mais gritante quando se trata de uma sociedade marcada por perversa desigualdade social.

Contudo, é necessário esclarecer que, embora o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) exija dos órgãos responsáveis sua inscrição junto a Corte, não instituiu regra de acompanhamento para consecução dos procedimentos metodológicos dos trabalhos desses órgãos para avaliar e conferir os resultados apresentados. O que poderia ser feito, obrigatoriamente pelo TRE, por meio de análise e avaliação dos relatórios assinados por profissionais qualificados do campo das ciências sociais.

Desse modo, a Justiça Eleitoral estaria cumprindo com o seu dever para salvaguardar o eleitor de qualquer dirigismo e manipulação, conferindo legalidade e legitimidade as pesquisas quanto à proximidade da realidade das urnas.

No Amazonas, o fato político é que todas as pesquisas dão conta da liderança de Artur Virgílio Neto (PSDB), para Prefeitura de Manaus. Quanto aos números proclamados pelos institutos parece que a discrepância está muito mais no foco (segmento ou zona pesquisada) do que nos procedimentos metodológicos adotados pelos pesquisadores, o que não contrário os resultados.

De qualquer modo, é necessário que os órgãos de pesquisa não percam a noção de totalidade e que se comprometam em apreender cada vez mais a complexidade social, política e econômica do eleitorado do Município de Manaus, traduzindo em números a vontade geral do manauara. Enfim que a vontade do povo seja respeitada e vença o melhor.

(*) É professor, antropólogo e coordenador da NCPAM/UFAM.

Na base do desespero



Na base do desespero

Lula sente-se ameaçado. De fato, está. Seu governo corre o risco de receber diploma de improbidade com o julgamento da Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). E seu partido pode levar uma surra histórica nas urnas de 7 de outubro - como mostra o último Datafolha. São as razões do desespero que levou o ex-presidente a pedir socorro a alguns dos partidos da base do governo, constrangendo-os a subscrever uma nota dirigida "à sociedade brasileira" na qual se tenta colocar o chefão do PT a salvo das suspeitas a respeito de seu verdadeiro papel no escândalo do mensalão.
Como não pegaria bem atacar diretamente o STF injusto ou o eleitorado ingrato, a nota volta-se contra os partidos da oposição, que tiveram a ousadia de sugerir ampla investigação sobre quem esteve de fato por detrás da trama criminosa do mensalão, conforme informações atribuídas ao publicitário Marcos Valério pela revista Veja.
A propósito dessa suspeita natural que a oposição não teve interesse ou coragem de levantar em 2004, o comportamento do ex-presidente no episódio merece, de fato, algum "refresco de memória". Quando o escândalo estourou, Lula declarou que se sentia traído e que o PT devia pedir desculpas ao País; depois, em entrevista à televisão em Paris, garantiu, cinicamente, que seu partido havia feito apenas o que todos fazem - caixa 2; finalmente, já ungido pelas urnas, em 2006, lançou a tese que até hoje sustenta: tudo não passou de uma "farsa" urdida pelas "elites" para "barrar e reverter o processo de mudanças" por ele iniciado, como afirma a nota.
Por ordem do chefão essa manifestação de desagravo a si próprio foi apresentada pelo presidente do PT, o iracundo Rui Falcão, a um grupo selecionado de aliados. Da chamada base de apoio ficaram de fora o PP de Valdemar Costa Neto e o PTB de Roberto Jefferson, ambos sendo julgados pelo STF. O documento leva a assinatura dos presidentes do PT e de cinco outras legendas: PSB, PMDB, PC do B, PDT e PRB. Seus termos obedecem ao mais rigoroso figurino da hipocrisia política. Iniciam por repudiar a nota em que PSDB, DEM e PPS, "forças conservadoras", "tentaram comprometer a honra e a dignidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva". E a classificam como "fruto do desespero diante das derrotas seguidamente infligidas a eles pelo eleitorado brasileiro".
Para PT e aliados, numa velada referência ao processo do mensalão, as oposições "tentam fazer política à margem do processo eleitoral, base e fundamento da democracia representativa, que não hesitam em golpear sempre que seus interesses são contrariados". Nenhuma referência, é claro, ao fato de que, no momento, os interesses que estão sendo contrariados são exatamente os de Lula e do PT. Mas, em matéria de fazer o jogo de espelho, acusando os adversários exatamente daquilo que ele próprio faz, o lulopetismo superou-se em alusão explícita ao julgamento do mensalão: "Os partidos da oposição tentam apenas confundir a opinião pública. Quando pressionam o STF, estão preocupados em fazer da Ação Penal 470 um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula".
Nos últimos dias, os sintomas de desespero nas hostes lulopetistas traduziram-se em despautérios de importantes personalidades do partido. O presidente da Câmara dos Deputados acusou o ministro Joaquim Barbosa de ser falacioso ao denunciar a compra de apoio parlamentar pela quadrilha que, segundo a denúncia da Ação Penal 470, era chefiada por José Dirceu. O senador Jorge Viana (PT-AC), ex-governador do Acre, ele próprio investigado pela suspeita de compra de votos, voltou ao tema do "golpe contra o PT". E o deputado federal André Vargas (PT-PR), chefe da equipe nacional de Comunicação do partido, revelou sua peculiar concepção de transparência da vida pública ao condenar a transmissão ao vivo das sessões plenárias do STF como "uma ameaça à democracia". São esses os combatentes da "batalha do tamanho do Brasil" convocada pelo desespero de Lula&Cia. Convocação atendida também pelo cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, em esfuziante entrevista no jornal Valor de sexta-feira.