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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

VEREADORES GULOSOS MAIS UMA VEZ ENGAVETAM PROJETO DE EXTINÇÃO DO AUXILIO PALETÓ



Texto: Alexandre Otto
“Leve-os para o Hades, junto com Tântalo e faça marola no rio de merda, quando a água derramar em suas bocarras municipais.” O direito e a justiça são jactâncias míopes, e a práxis viceja a cu de calango em nosso país terceiro mundista.
Com uma manobra amparada pelo regimento da Câmara Municipal de Manaus, o vereador Dr. Gomes pediu vistas ao projeto que extinguia a ajuda de custo conhecida como “auxilio paletó”, parecendo a manobra mais uma lesera contumaz de edis que não têm o que fazer, senão concretizar um festival de besteira municipal, coisa detonada há muito tempo pelo nosso inesquecível Stanislaw Ponte Preta e seu antiguíssimo e famoso Febeapá – Festival de Besteira que assola o pais.
Continuar recebendo tal auxílio incabível, porque todo vereador tem salário e muitas vantagens, é uma disparidade nesse país de injustiças sociais, aliás somos um dos países  mais injustos do mundo, pois somos vice campeões mundiais, pois perdemos para Botsuana, o campeão, ora bolas, é uma temeridade sem par, e coisa vergonhosa, pois o meu filho concursado, vê sair do seu salário, dinheiro descontado para transporte. Que é isso, minha gente, e a Carta Magna enfatiza que somos todos iguais perante a Lei, nada se cumpre, o direito e a justiça são jactâncias míopes, e a práxis viceja a cu de calango em nosso país terceiro mundista, essa é a verdade.
Mário Frota está certo, em tentar mandar o paletó dos vereadores para o inferno, porém o barqueiro Caronte, vai pedir moedas para levar os vereadores com paletó e tudo para o tártaro. Boa viagem, et caterva.
Se Ulisses fosse vivo, derramaria o sangue desses sanguessugas municipais diante de Tirésias, o adivinho grego, e endossaria: - “Leve-os para o Hades, junto com Tântalo e faça marola no rio de merda, quando a água derramar em suas bocarras municipais.”
Ó Tirésias, como diria Ezra Pound, o maior poeta de todos os tempos, segundo Thomas Mann, advinha mano velho, para onde vão esses edis que gostam de mamar nas tetas do erário?
Acho que eles vão ser reeleitos, para se empanzinar de coalhada financeira, pensando que o dinheiro do povo de Manaus, é para comprar paletó para quem já está com a boca cheia de jiquitaias. Morde teclado, morde porque essa turma merece, pois são contumazes em banquetear-se com a carne do povo.
Alô, dr. Hannibal Lecter, frite o cérebro dessa turma, pois eles merecem ser comidos pelo fígado. E vão comprar paletó com dinheiro do povo  lá no inferno de Dante.
Alexandre Otto,
é   poeta e
membro do Clube da Madrugada.



   

A GREVE DAS GALINHAS



Texto: Ademir Ramos (*)
A falta de ovos em algumas feiras de Manaus bem que poderia ser resultado da greve das galinhas, que não tolerando mais tamanha exploração resolveram grevar, provocando a ira dos patrões e dos tarados por ovos e seus derivados.
No reino animal a natureza é determinante, fazendo as pessoas curvarem-se frente à necessidade imposta. Nesse cenário, a indústria faz de tudo para dominar e controlar, multiplicando as funções que lhes são convenientes e lucrativas. A falta de ovos em algumas feiras de Manaus bem que poderia ser resultado da greve das galinhas, que não tolerando mais tamanha exploração resolveram grevar, provocando a ira dos patrões, que sem piedade fazem de tudo para extrair das penosas o máximo de ovos com o mínimo de ração, excluindo definitivamente o galo da cumplicidade geradora.
Insatisfeitas, as galinhas resolveram fazer o maior barulho no galinheiro impondo condições para continuarem com sua missão. Para isso, levantaram bandeiras que ecoaram na Assembleia dos Bichos, marcando posição contra os desmandos sofridos nos viveiros, na perspectiva de se imporem não só como galinhas, mas, sobretudo, enquanto matrizes de uma cadeia produtiva alimentar geradora de trabalho, emprego e renda.
Foi assim que se começou a pensar na Revolução dos Bichos, considerando que esses animais também são depositários da vida e quando pensado em relação às pessoas ganham significados múltiplos capazes de suscitar sentimento de ternura e respeito por estarem agregados a um determinado núcleo parental. Este fato é tão verdadeiro, que alguns núcleos humanos recusam a matar os animais que fazem parte do seu circulo de relações afetivas.
Bem diferente da indústria dos víveres, que reduzem a vida das penosas e de outros animais em grandes negócios comerciais. No entanto, já está lavrado nas tratativas internacionais que os animais devam ter seus estatutos respeitados com clara definição de suas condições sanitárias, sem maltrato e outros males que venham estressar não só a penosa como os demais bichos que estão na cadeia alimentar da sociedade. 
A greve das galinhas se assim fosse, bem que poderia ensinar aos homens a se comportarem, não só como animais que são, mas como protagonista de novos valores calçados na racionalidade do consumo, combatendo o desperdício e quem sabe buscando novos hábitos alimentares regrados por um processo civilizatório distributivo capaz de comungar com os seus não só os ovos reclamados, mas os alimentos que faltam nas mesas de milhares de pessoas tanto no Brasil como por todo o mundo, onde a fome, a miséria social é a razão da riqueza de uns poucos.     

(*) É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do NCPAM/UFAM.

SAÍDA À FRANCESA



Thérèse Aubreton está se despedindo dessas paragens, onde por muitos anos deu o seu melhor
Texto: Ellza Souza (*)
São 40 anos em Manaus. No Brasil a Aliança Francesa está desde 1885 e no mundo desde 1883. São mais de mil escolas em 135 países. Ensina não só a língua francesa como também divulga e estreita os laços culturais entre os países com o total apoio do Ministério das Relações Exteriores da França.
A comemoração dos 40 anos na capital amazonense foi no Teatro Amazonas. E não podia ser em outro lugar já que o nosso teatro tem uma simbiose com a França desde os tempos da belle epoque e historicamente há muito mais tempo quem sabe. Sobre nossas cabeças, no teto, a pintura nos faz lembrar o símbolo daquele país, a Torre Eiffel. O espetáculo promovido sob a tutela de Thérèse Aubreton que dividiu o sucesso com todos em seu discurso emocionado, tão emocionado que esqueceu de ler uma das três páginas, depois continuado com o bom humor que lhe é peculiar.
Devo dizer que cheguei tão cedo ao teatro que fui a primeira da fila e a cumprimentar já no saguão a diretora Therese, feliz e elegante em seu pretinho de paetês como convinha à ocasião. No palco a exuberante Amazonas Filarmônica tendo à frente o maestro Guilherme Mannis. A soprano Isabelle Sabrié deu um show de dramaticidade e talento e o repertório de Ravel (La Valse, Sheherazade e Bolero) e Paul Dukas (O Aprendiz de Feiticeiro) encantou o público que ouviu silenciosa aqueles acordes, violinos, violoncelos, harpas, flautas, trompetes e tanto outros sons diferentes e harmônicos tirados daqueles instrumentos por músicos tão concentrados e competentes.
Senti, porém, uma certa nostalgia no ar. Nostalgia confirmada mais tarde, Thérèse Aubreton está se despedindo dessas paragens, onde por muitos anos deu o seu melhor. Durante um curso de roteiros turísticos em Manaus, ministrado por ela, achava interessante aquela francesa dando aula de história, meio ambiente, cultura amazônica, demonstrando conhecer mais do que nós, uma turma de manauaras. Isso não é problema nenhum, pois acho que quem sabe ensina quem não sabe.
Vai embora a Therese e Manaus perde com isso. Espero que tenha ficado seus ensinamentos. Do meu lado, a partir dessa francesa engraçada mas séria, enxerguei melhor o meu próprio chão. Entendi que precisava conhecer mais a minha cidade para então criticá-la e admirá-la. Sei que Manaus e os manauaras vão no seu coração para a Normandia. E você fica nos ensinamentos e dedicação que nos passou. Como uma verdadeira “aliança” entre culturas tão diferentes. Obrigada Thérèse. E volte quando quiser.

(*) É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.