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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Réquiem geral, especialmente para Niemeyer



Você foi pra lá Niemeyer, pro nada ou pro tudo, amigo, mas como eu sou imortal, eu acho que nós somos eternos, bicho! Sem Deus e sem o Diabo. O futuro pertence ao homem. Mas tudo é como você dizia: “o povo é um fudido”. Valeu, Oscar!
Formando paralelo de talento incomparável e universal na arquitetura contemporânea com Le Corbusier, seu mestre, Oscar Niemeyer, do Renascimento pra cá, agrupando outro gênio, Brunelesco, criador do ponto de fuga, a perspectiva, porque até naquela era renascentista, os projetos eram planta baixa, sem volume dimensional, o criador de Brasília, compõe essa trindade fantástica da arquitetura de todos os tempos.
Também a arquitetura precisa de um Dartagnham, e é lá na Grécia que vamos encontrar Ictino criador do Partenon juntamente com Calicrates, outro arquiteto grego notável.
Niemeyer bebeu tudo isso e transmudou tal conhecimento em magia arquitetônica, o Palácio dos Arcos é sua obra prima na capital do Brasil.
Comunista militante e ativista aguerrido, que nem Antonio Gramscy, sempre à frente nas barricadas italianas de luta política e partidária, Oscar era marxista, e talvez tivesse mais noção de que o homem é divino, do que muito pastor que continua acreditando em Deus, depois do advento da Teoria das Cordas e do Multiverso composto por nonilhões de infinitos universos iguais ao nosso, num espaço de 11 dimensões segundo a teoria M de Ed Whitten, e Stephen Hawking, que informam que o Big Bang já era e que o nosso universo nasceu foi de um choque de Branas, ora bolas!
Pois bem, Niemeyer era tudo isso, e aos 104 anos foi embora, deixando um tesouro incomensurável para todos os brasileiros, sua obra, estampada em tantos países. Seu traço, que junto com Lúcio Costa, faz Brasília voar, sem sair do chão, aliás, o Vinícius já dizia: “O Niemayer é um poeta completo, ele faz poesia em concreto”.
Tanta gente boa que foi embora, meus irmãos poetas, Aníbal Beça, Luiz Baccelar,  Max Martins, agora pouco, e lá atrás, Sousândrade, Mario Faustino, Drummond, Cabral, Murilo, êta pessoal arretado demais, Pound, Elliot, Yeats, Rimbaud, Álvares  de Azebedo, tão jovem, e Bilac olhando as estrelas.
Você foi pra lá Niemeyer, pro nada ou pro tudo, amigo, mas como eu sou imortal, eu acho que nós somos eternos, bicho! Sem Deus e sem o Diabo. O futuro pertence ao homem. Mas tudo é como você dizia: “o povo é um fudido”. Valeu, Oscar!
Alexandre Otto,
é poeta e,
membro do Clube da Madrugada.