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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

DILMA ESQUENTA NA CHAPA DA GLOBO



O Esquenta, como estratégia de mobilização social, é muito melhor do que a ratoeira dos partidos e quem sabe venha garantir a governabilidade.
Ademir Ramos (*)
A presidente Dilma Rousseff busca novas conexões para sair da alça de mira dos escândalos envolvendo o seu partido e sua base aliada. Nesse domingo (9), a presidente participou na Globo do  programa Esquenta de Regina Casé, falando de sua política de inclusão social, étnica e econômica, na perspectiva de tornar o Brasil  um país competitivo no conjunto das nações.
Ainda sob o calor do julgamento do Mensalão, com a condenação dos líderes nacionais do PT chefiado por José Dirceu, o governo Dilma pega outra traulitada, vindo do escritório da Presidência da República de São Paulo, desta vez, encabeçada por Rosemary Noronha, que em nome do Lula, interferia diretamente em nomeações no segundo e terceiro escalão do governo, contrariando os interesses republicanos.
Estas e outras manifestações de tráfico de influência, corrupção e formação de quadrilha tem sido a marca do PT, que é o partido de origem da presidente Dilma Rousseff. Contudo, sem base eleitoral no território nacional, a presidente Dilma, necessariamente distancia-se do Lula e do PT frente aos holofotes, com propósito de salvaguardar a lisura de seu mandado, buscando novas conexões para dar musculatura às decisões de governo.
O primeiro desse embate dar-se-á no Congresso Nacional frente à publicação da Medida Provisória (MP) N° 592, do dia 3 de dezembro, que destina à educação 100% dos royalties recolhidos em futuros contratos de produção de petróleo e gás. A medida determina que o recurso seja adicional aos mínimos exigidos pela Constituição. Cabe à União o repasse de 18%; aos Estados e Municípios, 25%. Também à educação serão transferidos 50% dos rendimentos do Fundo Social, integrado pelos recursos da exploração das camadas pré-sal.
A MP será apreciada pelo Poder Legislativo. Por isso, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, frente aos holofotes tem feito apelos à sociedade para que se manifeste a favor da vinculação integral dos royalties à educação. “Temos uma grande oportunidade agora, no debate dos royalties, de dar um salto na educação brasileira”, afirma o petista.
No entanto, até a presente data o Senado Federal não aprovou o Plano Nacional de Educação e parece que pouca importância faz sobre a matéria. O fato é que vozes contrárias se levantam no Congresso Nacional contra a decisão da presidente Dilma Rousseff, reclamando da fatia dos royalties para seus Estados e Municípios, alegando os direitos da União sobre as riquezas do subsolo. Faz parte desse bloco, o próprio Senador Eduardo Braga (PMDB), que depois do veto parcial da presidência sobre a matéria, encontra-se silenciado, fazendo-se de morte.
O embate para aprovação da MP 592/2012 transformou-se num cabo de guerra que passa pela eleição das mesas do Senado e da Câmara Federal, onde o PMDB quer não só garantir a direção e maioria dos cargos, como também catalisar força para as eleições de 2014, não mais como coadjuvante, mas como cabeça de chapa no lugar de Dilma Rousseff, recorrendo às medidas não convencionais para fazer valer a vontade das oligarquias ruralistas regionais em conluio com os arrivistas da indústria nacional.
O PT fragmentado e sob a pecha de um partido corrupto não leva muito jeito para os embates, fragilizando a Presidência da República e empurrando cada vez mais a Dilma para o voto de cabresto do PMDB capitaneado por Sarney e comanditas.
A dita oposição manifesta pelo PSDB e DEM carece de liderança, é o que disse Fernando Henrique Cardoso referindo-se ao candidato Aécio Neves, porque, segundo ele, não basta parecer é preciso se fazer líder, agregando força para se firmar no cenário nacional e quem sabe estabelecer liga com outros atores sociais na pactuação de um bloco histórico combativo.
A fragilidade da Presidência da República deixa a Dilma sem chão, saindo da caverna do PT para a fritura do PMDB. Sendo assim, o Esquenta da Globo, como estratégia de mobilização social, é muito melhor do que a ratoeira dos partidos e quem sabe venha garantir a governabilidade.

(*) É professor, antropólogo, coordenador do Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
domingo, 9 de dezembro de 2012