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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O ATIVISMO CIDADÃO



 

Estas manifestações primárias pouco a pouco vão ganhando força, principalmente, quando esta é catalisada por lideranças políticas moralmente responsáveis e politicamente sob controle das forças populares e do movimento social.

Ademir Ramos (*)
A política é uma Deusa bem dotada a exigir das pessoas participação, relação, cumplicidade e domínio de si mesmo frente aos desafios que a sociedade apresenta. A todo o momento a pessoa é posta a prova, contrariando ou não a sua vontade, devendo se manifestar para garantir ou fazer concessão quanto a determinado direito que lhe é intrínseco ou socialmente conquistado. Em não fazendo torna-se fragilizada, permitindo que o outro se imponha pela retórica ou pela força. Pode parecer fácil, mas, para aqueles (as) que sonham e lutam por ideais coletivos e sociais a participação faz-se necessária para validação do direito como instrumento de cidadania.
A participação evoca relação, disputa para se garantir o direito e consequentemente afirmação e reconhecimento do interesse público. Esta manifestação é socialmente determinada, agregando forças originárias de variados segmentos sociais e econômicos vivenciados por atores que sofreram e sofrem violações em seus direitos fundamentais. Essas pessoas por algum momento sentem-se desprotegidas e impotentes não tendo a quem recorrer para ecoar o seu grito de protesto e de indignação. Alguns passam a desacreditar nas instituições e buscam resolver os seus problemas de forma individual e particular, posicionando-se indiferentes as questões sociais que mutilam milhares de homens, mulheres, crianças e jovens, quando não, aceita a condição de subalternidade satisfazendo-se muito mais com os favores porque são imediatos do que com o direito a ser conquistado e assegurado por meio das lutas sociais.
O ativismo cidadão é o estranhamento que essas pessoas provocam em si e no outro quando concebem e percebem que há entre eles uma liga capaz de mover a si e o outro para o enfrentamento contra o Estado e os seus agentes públicos pelo não cumprimento dos direitos constitucionais; contra os políticos profissionais que usam da política para beneficio próprio; bem como também contra o poder judiciário que se deixa corromper por vendas de sentenças, obliterando a Justiça para que a impunidade reine e o crime prevaleça.
Nesta perspectiva, as manifestações de rua têm servido para demonstrar esta força. Assim como também as barricadas que as populações periféricas das grandes cidades têm armado nas ruas, ateando fogo em objeto inflamável, para denunciar os desmandos e descasos que afetam diretamente essa gente que reivindicam segurança efetiva, água e luz para todos, educação e saúde de qualidade, moradia e empregabilidade, acesso a cultura, entre outros direitos violados.
Estas manifestações primárias pouco a pouco vão ganhando força, principalmente, quando esta é catalisada por lideranças políticas moralmente responsáveis e politicamente sob controle das forças populares, visto que o mandato não é nem do candidato, nem do partido, mas sim do povo. Para tal fim é necessário que o ativismo se converta em organização, em prática estruturante agregando força, coragem, saber e domínio estratégico para interver na política como agente coletivo propositivo assentado legitimamente nas estruturas colegiadas das comunidades e das demais representações sociais que juntos lutam contra a corrupção, a impunidade, a desigualdade e Justiça Social.    

(*) É professor, antropólogo, coordenador do projeto Jaraqui e do NCPAM-UFAM.

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