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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O QUE É PIOR, A IGNORÂNCIA OU A INDIFERENÇA?



Ademir Ramos (*)
O questionamento não deixa de ser um problema capital tanto para desenvolvimento do sujeito em si como também para a inserção desse sujeito no processo social e no mercado de trabalho. Falo do desenvolvimento do sujeito em si, em se tratando da capacidade adquirida, conquistada no curso de sua formação relativa ao domínio do saber, do fazer e do discernimento. Tal capacidade resulta das relações que este sujeito trava no embate de sua formação, considerando ainda que este trajeto não se dá de forma linear e nem tampouco fora da história, se assim for o sujeito está condenado a se afirmar frente à natureza e o outro, o que requer atitude, coragem e determinação.

O ignorante, por sua vez, se fez assim pela circunstancia em que se encontra preso às necessidades primárias, impossibilitando o seu desenvolvimento psíquico e social. Nesse estado a força quase sempre é aceita como ditame necessário para garantir a sobrevivência em disputa e como se fosse um predador passa a negar a natureza e o outro, afirmando-se de forma arrogante e arbitrária. Embrutecido, o ignorante, produto da extrema pobreza e da perversa desigualdade social, quando emerge socialmente devota pouco crédito a sociedade e muito menos as regras sociais.
Contudo, é bom que se diga que paira sobre a vida social a expectativa das instituições, cobrando de todos (as) adequação aos valores e as regras instituídas se quiser ser aceito nos segmentos socialmente determinados. Para esse fim a educação tem sido uma das portas principais para afirmação não só do sujeito, mas da plena cidadania, participando tanto do público como do privado com autonomia, dignidade e responsabilidade.
A indiferença, socialmente, talvez seja muito mais grave do que a ignorância porque ela reduz o sujeito em paisagem, objeto e covarde, negando a sua participação e por consequência sua relação com o outro e com a sociedade. A indiferença é tão grave porque impossibilita o sujeito de amar, no sentido pleno do verbo, permitindo que o mal socialmente se perpetue. Superar esta conduta requer coragem e altivez frente aos problemas o que ocorre quase sempre por motivo e interesse particular ou pelo imperativo das mudanças sociais frente às políticas públicas de péssima qualidade que afeta a todos (as) direta ou indiretamente. Na dúvida gostaríamos de ampliar o debate facultando a palavra.


(*) É Professor, antropólogo e coordenador do Núcleo de Cultura Política da UFAM e do projeto Jaraqui.
   

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