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sexta-feira, 12 de junho de 2015

EM VOTAÇÃO DA REFORMA POLÍTICA, CÂMARA MANTÉM VOTO OBRIGATÓRIO



Deputados alegaram que democracia no Brasil ainda não está ‘madura’. Parlamentares ainda analisarão tempo de mandato e cota para mulher.

A Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (10), ao analisar a proposta de emenda à Constituição da reforma política, manter o voto obrigatório a todos os brasileiros com mais de 18 anos e menos de 70 anos. Por 311 votos a 124, os parlamentares rejeitaram trecho previsto no relatório do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) que instituía o voto facultativo.

A maioria do plenário argumentou que a democracia brasileira ainda não está “madura” o suficiente para que os eleitores sejam liberados de votar nas eleições.
“Diante da maturidade da democracia brasileira, ainda a se consolidar, é melhor manter o sistema como está. Quem não quiser participar das eleições paga a multa irrisória, e a vida segue. É melhor manter o sistema como está, até porque a experiência de outros países que adotam o voto facultativo mostra que há prevalência do poder econômico”, disse o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).
Já o líder do PMDB, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), se posicionou a favor do fim do voto obrigatório e argumentou que, na prática, isso já acontece em razão dos índices de abstenção e votos em branco.
“Temos estados que passam de 40% os eleitores que decidem não votar em nenhum dos candidatos: ou faltam ao pleito e depois justificam ou simplesmente vão às urnas para votar em branco ou anular o seu voto”, disse. “O voto é um direito e, por ser um direito, deve ser exercido livremente”, completou.
O fim do voto obrigatório é um dos tópicos da reforma política, que começou a ser votada em plenário no final de maio. Até o momento foram aprovadas três mudanças na legislação atual: o fim da reeleição, restrições de acesso de pequenos partidos ao fundo partidário e permissão de doações de empresas a legendas.
Por decisão dos líderes partidários, cada ponto da proposta de emenda à Constituição, como o fim da reeleição, será votado individualmente, com necessidade de 308 votos para a aprovação de cada item. Ao final, todo o teor da proposta de reforma política será votado em segundo turno. Se aprovada, a PEC seguirá para análise do Senado.
Nas sessões desta quarta (10) e quinta (11), o plenário da Câmara também deverá decidir, entre outros itens, se alteram o mandato de presidente da República de quatro para cinco anos, se realizam eleições para todos os cargos eletivos no mesmo ano e se instituem cotas para mulheres no Congresso Nacional.
O ponto de maior polêmica é o tamanho do mandato para presidente da República, governador e prefeito. Com a aprovação do fim da reeleição, deputados do PSDB querem aprovar uma emenda que amplia o mandato de quatro para cinco anos.
No entanto, se isso ocorrer, o mandato atual de senador, que é de oito anos, terá que ser reduzido para cinco ou ampliado para dez, para que as eleições para a Casa Legislativa ocorram no mesmo ano que a eleição para presidente da República.
Os parlamentares também definirão se aprovam um artigo que prevê que todas as eleições ocorram no mesmo ano. Atualmente a eleição para presidente da República, governador e membros do Congresso Nacional ocorre ao mesmo tempo e, dois anos depois, são escolhidos prefeitos e vereadores.
Pelo texto do relator da PEC, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a partir de 2022 haverá a coincidência de eleição, Para isso, os prefeitos escolhidos em 2020 terão mandato de apenas dois anos, conforme a proposta.
Outro ponto que será debatido é a mudança na data de posse do presidente da República, que atualmente é no dia 1ª de janeiro, o que prejudica a participação de chefes de Estado estrangeiros. Pelo texto do relator, a posse passaria a ser no primeiro dia útil do mês de janeiro.
Os parlamentares terão ainda que definir se mudam a regra atual de suplência na Câmara, pela qual a vaga do deputado que se ausenta por mais de 120 dias ou que assume cargo no Executivo é ocupado pelo segundo mais votado na coligação.
O texto do relator estabelece que assumirá o suplente mais bem votado na ordem da votação nominal. Os parlamentares ainda definirão se alteram a idade mínima exigida para alguém ser candidato a senador, passando dos 35 anos previstos atualmente para 29 anos. Para governador, o texto passa de 30 anos para 29 anos.
Também serão analisadas propostas que estabelecem uma cota mínima para mulheres parlamentares no Congresso Nacional e que fixam uma regra de 500 mil assinaturas para a apresentação de projetos de lei de iniciativa popular. Atualmente é necessária a assinatura de, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por pelo menos por cinco estados.
O que foi aprovado
O primeiro tópico aprovado pelos deputados desde o início da discussão da reforma política foi a inclusão na Constituição Federal da possibilidade de doações de empresas a partidos políticos. Pelo texto, pessoa jurídica não poderá financiar candidatos individualmente.
Doações a candidatos terão que ser feitas por pessoas físicas, que também poderão doar às legendas.
O tópico da doação de empresas foi um dos que mais geraram discussões entre os deputados. Isso porque no início da madrugada da última quarta-feira (27), o plenário havia rejeitado emenda de autoria do PMDB que previa doação de pessoas jurídicas tanto a partidos quanto a campanhas de candidatos.
O partido, então, se empenhou para aprovar, pelo menos, a garantia de doação de empresas aos partidos políticos. Contrário à proposta, o PT questionou a continuidade das votações sobre financiamento de campanha, alegando que a derrubada da primeira emenda impedida a continuidade da discussão sobre o tema.
No entanto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu manter a análise de outros modelos de financiamento, alegando que, pelo regimento, essas votações eram necessárias, já que o teor das propostas não era idêntico.
Reeleição
O fim da reeleição foi aprovado em plenário logo depois da votação sobre financiamento. A proposta foi defendida pelos líderes de todos os partidos da Câmara.
A regra só não vai valer para prefeitos eleitos em 2012 e governadores eleitos em 2014, que terão direito a uma última tentativa de recondução no cargo. O objetivo dessa medida foi garantir o apoio de partidos com integrantes atualmente no poder.
Cláusula de barreira
No dia 28 de maio, os deputados aprovaram instituir uma cláusula de barreira para limitar o acesso de partidos pequenos a recursos do fundo partidário e ao horário gratuito em cadeia nacional de rádio e televisão.
Pelo texto, terão direito a verba pública e tempo de propaganda os partidos que tenham concorrido, com candidatos próprios, à Câmara  e eleito pelo menos um representante para qualquer das duas Casas do Congresso Nacional.
A intenção ao instituir uma cláusula de barreira ou desempenho é evitar a proliferação de partidos que só tenham interesse em receber os recursos do fundo partidário ou negociar alianças em troca de tempo a mais de televisão. O fundo partidário é formado por dinheiro de multas a partidos políticos, doações privadas feitas por depósito bancário diretamente à conta do fundo e verbas previstas no Orçamento anual.
Pela legislação atual, 5% do montante total são entregues, em partes iguais, a todos os partidos com estatutos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os outros 95% são distribuídos às siglas na proporção dos votos obtidos na última eleição para a Câmara.
Quanto à propaganda política na TV e no rádio, a legislação prevê a distribuição igualitária de um terço do total de tempo disponível a todos os partidos que tenham candidato próprio a cargo eletivo. O restante é repartido de forma proporcional ao número de representantes na Câmara dos Deputados filiados ao partido. No caso de haver coligação, é considerado o resultado da soma do número de representantes de todas as legendas que a integram.

CÂMARA APROVA FIXAR MANDATO DE TODOS OS CARGOS ELETIVOS EM 5 ANOS



 

Ampliação ocorre para ‘compensar’ fim da reeleição para presidente. Mais cedo, Câmara decidiu manter o voto obrigatório nas eleições do país.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (10), por 348 votos a favor e 110 contra, fixar em cinco anos o mandato para todos os cargos eletivos - presidente, governador, prefeito, senador, deputado federal, deputado estadual e vereador. A ampliação de quatro para cinco anos é uma maneira de "compensar" o fim da reeleição para mandatos do Executivo, aprovado em 28 de maio pelo plenário.
Atualmente o mandato de senador é de oito anos enquanto os demais cargos eletivos têm mandato de quatro anos.
O texto aprovado pelos parlamentares prevê uma “regra de transição”, segundo a qual presidente, governadores, deputados federais e estaduais eleitos em 2018 ainda terão mandato de quatro anos, enquanto senadores eleitos naquele ano terão mandato de nove anos. Os prefeitos eleitos em 2016 também terão mandato de quatro anos. Assim, o mandato de 5 anos passará a valer a partir das eleições municipais de 2020 e presidenciais de 2022.
Para os defensores da medida, o tempo maior à frente do governo é necessário para implantar e consolidar programas e políticas públicas, caso seja confirmada a proibição de dois mandatos consecutivos para presidente da República, governador e prefeito. O tamanho do mandato é um dos tópicos da reforma política, que começou a ser votada em plenário no final de maio.
Além da ampliação dos mandatos, a votação da reforma política, iniciada há duas semanas, resultou em outras três mudanças na legislação atual: o fim da reeleição, restrições de acesso de pequenos partidos ao fundo partidário e permissão de doações de empresas a legendas. Por decisão dos líderes partidários, cada ponto da proposta de emenda à Constituição, como o fim da reeleição, será votado individualmente, com necessidade de 308 votos para a aprovação de cada item.
Ao final, todo o teor da proposta de reforma política será votado em segundo turno. Se aprovada, a PEC seguirá para análise do Senado. Nas sessões desta quarta (10) e quinta (11), o plenário da Câmara também deverá decidir, entre outros itens, se realizam eleições para todos os cargos eletivos no mesmo ano e se instituem cotas para mulheres no Congresso Nacional.
Voto obrigatório
Mais cedo nesta quarta, os deputados decidiram manter o voto obrigatório a todos os brasileiros com mais de 18 anos e menos de 70 anos. Por 311 votos a 124, os parlamentares rejeitaram trecho previsto no relatório do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) que instituía o voto facultativo.
A maioria do plenário argumentou que a democracia brasileira ainda não está “madura” o suficiente para que os eleitores sejam liberados de votar nas eleições.
“Diante da maturidade da democracia brasileira, ainda a se consolidar, é melhor manter o sistema como está. Quem não quiser participar das eleições paga a multa irrisória, e a vida segue. É melhor manter o sistema como está, até porque a experiência de outros países que adotam o voto facultativo mostra que há prevalência do poder econômico”, disse o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).
Já o líder do PMDB, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), se posicionou a favor do fim do voto obrigatório e argumentou que, na prática, isso já acontece em razão dos índices de abstenção e votos em branco.
“Temos estados que passam de 40% os eleitores que decidem não votar em nenhum dos candidatos: ou faltam ao pleito e depois justificam ou simplesmente vão às urnas para votar em branco ou anular o seu voto”, disse. “O voto é um direito e, por ser um direito, deve ser exercido livremente”, completou.
Pontos pendentes
Após a sessão, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que espera concluir a votação em primeiro turno da PEC da reforma política nesta quinta ou no início da próxima semana. Na primeira semana de julho, a intenção, segundo Cunha é votar a proposta em segundo turno e também analisar projeto de lei que versa sobre regras eleitorais, como distribuição de tempo de televisão entre partidos.
"O deputado Rodrigo Maia vai elaborar um relatório sobre esse projeto, haverá possibilidade de emendas e vamos votar. A Ideia é votar em segundo turno com o projeto infraconstitucional na primeira semana julho", afirmou o peemedebista.
Na sessão desta quinta, os deputados analisarão se mudam a data de posse do presidente da República, que atualmente é no dia 1ª de janeiro, o que prejudica a participação de chefes de Estado estrangeiros. Pelo texto do relator, a posse passaria a ser no primeiro dia útil do mês de janeiro.
Os parlamentares terão ainda que definir se mudam a regra atual de suplência na Câmara, pela qual a vaga do deputado que se ausenta por mais de 120 dias ou que assume cargo no Executivo é ocupado pelo segundo mais votado na coligação.
O texto do relator estabelece que assumirá o suplente mais bem votado na ordem da votação nominal. Os parlamentares ainda definirão se alteram a idade mínima exigida para alguém ser candidato a senador, passando dos 35 anos previstos atualmente para 29 anos. Para governador, o texto passa de 30 anos para 29 anos.
Também serão analisadas propostas que estabelecem uma cota mínima para mulheres parlamentares no Congresso Nacional e que fixam uma regra de 500 mil assinaturas para a apresentação de projetos de lei de iniciativa popular. Atualmente é necessária a assinatura de, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por pelo menos por cinco estados.
O que foi aprovado
O primeiro tópico aprovado pelos deputados desde o início da discussão da reforma política foi a inclusão na Constituição Federal da possibilidade de doações de empresas a partidos políticos. Pelo texto, pessoa jurídica não poderá financiar candidatos individualmente.
Doações a candidatos terão que ser feitas por pessoas físicas, que também poderão doar às legendas. O tópico da doação de empresas foi um dos que mais geraram discussões entre os deputados. Isso porque no início da madrugada da última quarta-feira (27), o plenário havia rejeitado emenda de autoria do PMDB que previa doação de pessoas jurídicas tanto a partidos quanto a campanhas de candidatos.
O partido, então, se empenhou para aprovar, pelo menos, a garantia de doação de empresas aos partidos políticos. Contrário à proposta, o PT questionou a continuidade das votações sobre financiamento de campanha, alegando que a derrubada da primeira emenda impedida a continuidade da discussão sobre o tema.
No entanto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu manter a análise de outros modelos de financiamento, alegando que, pelo regimento, essas votações eram necessárias, já que o teor das propostas não era idêntico.
Reeleição
O fim da reeleição foi aprovado em plenário logo depois da votação sobre financiamento. A proposta foi defendida pelos líderes de todos os partidos da Câmara.
A regra só não vai valer para prefeitos eleitos em 2012 e governadores eleitos em 2014, que terão direito a uma última tentativa de recondução no cargo. O objetivo dessa medida foi garantir o apoio de partidos com integrantes atualmente no poder.
Cláusula de barreira
No dia 28 de maio, os deputados aprovaram instituir uma cláusula de barreira para limitar o acesso de partidos pequenos a recursos do fundo partidário e ao horário gratuito em cadeia nacional de rádio e televisão.
Pelo texto, terão direito a verba pública e tempo de propaganda os partidos que tenham concorrido, com candidatos próprios, à Câmara  e eleito pelo menos um representante para qualquer das duas Casas do Congresso Nacional.
A intenção ao instituir uma cláusula de barreira ou desempenho é evitar a proliferação de partidos que só tenham interesse em receber os recursos do fundo partidário ou negociar alianças em troca de tempo a mais de televisão. O fundo partidário é formado por dinheiro de multas a partidos políticos, doações privadas feitas por depósito bancário diretamente à conta do fundo e verbas previstas no Orçamento anual.
Pela legislação atual, 5% do montante total são entregues, em partes iguais, a todos os partidos com estatutos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os outros 95% são distribuídos às siglas na proporção dos votos obtidos na última eleição para a Câmara.
Quanto à propaganda política na TV e no rádio, a legislação prevê a distribuição igualitária de um terço do total de tempo disponível a todos os partidos que tenham candidato próprio a cargo eletivo. O restante é repartido de forma proporcional ao número de representantes na Câmara dos Deputados filiados ao partido. No caso de haver coligação, é considerado o resultado da soma do número de representantes de todas as legendas que a integram.

ENEM – A DIMENSÃO DE UMA AVALIAÇÃO




Hoje se encerram as inscrições para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O esperado é que milhões de pessoas se inscrevam neste exame como ocorre todos os anos. O ministério da educação (MEC) tem a expectativa de mais de nove milhões de inscritos, o que poderia se tornar uma marca histórica, pois chegando próximo da marca dos dez milhões o exame poderia se consolidar como a maior avaliação de larga escala do mundo, uma vez que atualmente fica atrás apenas do exame nacional que avalia o ensino médio da China, o Gao Kao.
É bom que se entenda as múltiplas dimensões de uma prova como esta a fim de que se evite a formação de opiniões construídas em cima de equívocos. Sendo assim, nossa coluna hoje dará alguns esclarecimentos que entendemos serem essenciais para educadores, pais, gestores e políticos. É necessário que se lance um olhar mais técnico e, portanto, mais crítico, sobre algo feito por nós brasileiros, mas que já chama a atenção do mundo. Com essa finalidade tomaremos como referência a última edição do ENEM para analisarmos aspectos que consideramos essenciais.
Inscrições
Primeiramente é preciso saber que há três números importantes no Enem: O número de inscritos, o número dos que confirmam a inscrição (pagam o boleto de inscrição) e o número dos que realmente comparecem aos locais de prova. No ano de 2014 tivemos 9,5 milhões de inscritos, contudo, apenas 8,7 milhões de inscrições confirmadas. Compareceram à prova apenas 6,2 milhões.
Segundo o MEC, 65% dos 2,5 milhões de faltosos obtiveram isenção da taxa de inscrição, ou seja, cerca de 1,6 milhões de candidatos não pagaram nada ao governo e ainda assim faltou a prova.
Só para se ter  ideia do que isso representa em prejuízo para os cofres públicos, basta pensar que o custo unitário de cada prova do Enem ficou em 2014 em torno de R$ 52,00. Multiplicando-se isso pelo número de faltosos chegaríamos a 130 milhões de reais desperdiçados. Contudo, o MEC afirma que este valor se reduz por conta da não correção das redações desses candidatos.
Taxa de inscrição
O Enem é uma avaliação que não se sustenta do ponto de vista econômico. A conta é simples, na última edição apenas 26,5% dos inscritos, tiveram que pagar a taxa de R$ 35,00. Isto representa cerca de 2,3 milhões de candidatos, e em valores aproximadamente 80 milhões de reais. Vale lembrar que se todos os 8,7 milhões de inscritos não faltassem o custo desse exame ficaria na casa dos 450 milhões de reais. De forma bem prática, o que é arrecadado com as taxas de inscrição não cobre nem sequer o prejuízo que se tem com os faltosos, uma vez que 57,17% são isentos por carência comprovada e 16,33% por serem alunos de escolas públicas.
Uma solução para esta conta que está muito longe de fechar são as medidas adotadas recentemente: impor aos faltosos uma penalidade e aumentar o valor da taxa de inscrição. Vale lembrar que esta taxa é paga por uma minoria, em geral pessoas que já concluíram o ensino médio, estudantes de escolas privadas e alunos de escola pública que fazem o exame ainda nas primeiras séries do ensino médio, como treino.
O custo de realização de uma edição do Enem (450 milhões de reais), e o fato de ela não se pagar, explicam dois fatos. O primeiro é a realização de apenas uma edição do exame durante o ano, vale lembrar que em 2009 o então ministro da educação Fernando Hadad anunciava que a intenção era a realização de várias edições anuais. A outra é a força que vem tomando a proposta de um Enem on line, o que baratearia imensamente os custos.
Perfil dos participantes
Ao contrário do que se pensa o Enem não é um exame que hoje é feito por uma grande maioria de adolescentes concluintes do ensino médio. Na verdade, cerca de cinco milhões dos que fizeram o último Enem já haviam concluído o ensino médio, muitos  já no mercado de trabalho. Concluintes do ensino médio mesmo, apenas 20% dos inscritos.
Quando se busca a faixa etária dos participantes percebe-se que 30% deles ficam entre 21 e 30 anos, e 15,5% ficam acima dos 30 anos.
A explicação para isso está nas oportunidades que o exame oferece: acesso ao ensino superior e acesso ao ensino técnico profissionalizante.
Logística envolvida
Em 2014 foram 18.900 locais de prova distribuídos em 1.714 municípios. No total houve a participação de 850 mil colaboradores em todo o território nacional, desde fiscais de prova até corretores de redação. Ao todo 80 mil malotes foram distribuídos por todo o Brasil percorrendo 138 mil rotas.
A lição que fica
Por todos estes aspectos já contemplados percebemos que o Enem é algo grandioso, tanto em objetivos quanto em abrangência. Da mesma forma os desafios que ele impõe são igualmente grandiosos. Já escrevi aqui nesta coluna sobre os desafios para a rede estadual de ensino do Amazonas, mas hoje chamo atenção para outro: “Como levar preparação para os participantes que não estão mais na escola?”.
Entendo que esta preocupação é válida, pois estas pessoas estão em muitos casos empregadas, mas querendo estudar para buscar ascensão profissional. Em outros casos terminaram o ensino médio, mas estão no mercado informal querendo fazer um curso técnico ou de ensino superior. Alguns são da geração “Nem, Nem ”, aqueles que nem estudam e nem trabalham, mas buscam no Enem uma oportunidade.
No Amazonas 184.864 pessoas se inscreveram na última edição do exame, se os números locais acompanharem os nacionais cerca de 100.000 desses inscritos estão fora da escola, já concluíram o ensino médio.  É preciso que políticos e gestores se debrucem sobre esta questão, pois em um estado que possui um polo industrial negar preparação para quem deseja fazer ensino superior o ensino técnico profissionalizante é no mínimo contraditório, e contra os interesses do próprio estado.
Deixamos também outra mensagem, é necessário que se olhe as questões relativas a educação de maneira técnica, portanto, menos superficial do que habitualmente é feito. Números, indicadores, taxas e percentuais não melhoram a educação por si só. O avanço só vem a partir do que se faz com estas informações. Muito dinheiro público é gasto com projetos que se baseiam em “achismos”, cuja fundamentação contempla os aspectos mais rasteiros daquilo que ele se propõe a dar conta.
George Castro é supervisor do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio;
Diretor executivo da Macedo de Castro consultoria educacional; ex-professor da Universidade Federal do Pará e ex-diretor do ensino médio e educação profissional do estado do Pará.